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A Auschwitz chamada Colônia - Resenha: "Holocausto Brasileiro"

  • Foto do escritor: Raposa
    Raposa
  • 17 de dez. de 2017
  • 2 min de leitura

"Holocausto Brasileiro", livro da escritora e jornalista Daniela Arbex é como o monumento memorial que esta história tanto merece depois de longos anos de omissão. O livro conta a história de um "hospital" psiquiátrico que havia em Barbacena, cidade de Minas Gerais, este chamado de Colônia.


A Colônia existiu por grande parte século XX e atuou de forma pervesa, como podemos sentir neste livro documental cheio de fotos impactantes. O manicômio, que também era um retrato do descaso da sociedade da época, foi uma tentativa de limpeza social. Isto fica claro no livro, onde se vê histórias de pessoas esquecidas, pessoas que foram internadas sem justificativa, mulheres estupradas, meninas grávidas, negros, homossexuais, pobres, enfim, tudo aquilo que era de interesse da comunidade que fosse excluído, omitido, ignorado, era carregado no "trem de doido" o qual levava para Colônia.

Local onde as pessoas viviam em condições precárias, sem higiene básica, no extremo, muitos chegaram a comer ratos e beber água de esgoto. Andar nu já era algo natural, ou seja, toda a humanida daquelas pessoas foi retirada em prol de um sistema que tinha como o objetivo o lucro, seja da venda dos cadáveres-pacientes ou da compra-venda abusiva de remédios. Na época, inclusive, aceitavam-se tratamentos que hoje são considerados errados como a lobotomia e o eletrochoque, além da enormidade de medicamentos que os pacientes tomavam, com a justificativa de controle dos ditos "loucos".

Aqueles que chegavam lá eram uns sem-passado, não importava mais o motivo que te levara até ali, certo ou errado este era o seu futuro, eram pessoas sem história como se não tivesse ninguém as parido. E, infelizmente, muitas dessas que entraram saudáveis no hospício saíram loucas devido a tamanha desamanidade a que foram testemunhas.

"O que acontece no Colônia é desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente. É permitido andar nu e comer bosta, mas é proibido o protesto qualquer que seja a sua forma." - Ronaldo Simões Coelho, um dos primeiros médicos a denunciar a Colônia.

Nesse hospício ocorreu um genocídio, um verdadeiro holocausto, não há outra palavra para descrever a crueldade ocorrida, com a morte de mais de 60 mil pessoas, muitas sem justificação de óbito, devida a negligência do Estado para com eles. Vivendo como miseráveis, os pacientes da Colônia eram deixados ao abandono.

No livro, a autora faz um trabalho de luta contra o esquecimento daqueles que morreram sem voz, aqueles que tiveram sua história repetida milhões de vezes até que se tomasse alguma atitude.

"Holocausto Brasileiro", de Daniela Arbex, é de extrema importância porque a história quando não serve de lição, quando é esquecida, torna-se a repetir incansalvemente, a autora mostra que a Colônia faz parte da biografia brasileira e tenta, ao expô-la, fazer entender que esta não pode ocorrer novamente.

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