#LeiaNaToca: Leitura Conjunta "Os Miseráveis" - Semana 4
- Raposa
- 29 de out. de 2019
- 5 min de leitura

Muito me demorei para voltar aqui com a quarta parte da leitura conjunta de "Os Miseráveis", de Victor Hugo, sei disso. Entretanto, isso não significa que desisti do livro, eu odeio desistir de qualquer livro que seja, sempre tento chegar ao seu fim, poucos foram os que não conclui em minha vida, e eu não deixaria um livro como este entrar para essa lista particular.
Continuo a seguir a meta de 200 páginas por parte, logo, neste post, me alongarei acerca da Semana 4, estipulada no primeiro post do projeto de leitura conjunta, você pode lê-lo clicando aqui.
Em resumo, na Semana 4 estão os seguintes capítulos:
Semana 04
SEGUNDA PARTE: Cosette.
LIVRO VIII: Os cemitérios recebem o que lhes dão.
CAP. VIII: Interrogatório bem-sucedido. (pg. 607)
↓
TERCEIRA PARTE: Marius.
LIVRO VIII: O mau pobre.
CAP. XII: Emprego da moeda de cinco francos do senhor Leblanc. (pg. 809)
Esta parte, para mim, entre Cosette e Marius, foi muito arrastada, a li bem aos poucos. Foi começo da parte de Marius em que mais me enrolei, tinha de ler e reler o mesmo parágrafo várias e várias vezes pois não conseguia me interessar, estava achando muito monótona toda a explicação sobre as castas francesas, as pequenas ruas e os moleques de Paris.
Depois que, por necessidade, transferi minha leitura para o Kindle, correu muito mais rapidamente, também por outros motivos pessoais. Pela minha honra, jurei a mim mesma que não desistiria de Victor Hugo (kkkkkk)! Sigo, agora, para um pequeno resumo da Semana 4 e minhas considerações sobre ela.
CLARAMENTE, Jean Valjean não morre no caixão! O homem consegue convencer o coveiro, que vai para casa, e ele, então, abre o caixão encontrando nosso herói, que agora considera Fauchelevent como um irmão. Após isso, Jean Valjean e a menina Cosette são aceitos no convento. Os anos passam, Cosette cresce e chegamos à Marius.
Entretanto, bem antes de começar a falar de Marius, Victor Hugo se alonga acerca das crianças mendigas, dos moleques de rua de Paris, os quais vivem horrores de vida adulta, mas permanecem apenas meninos. Logo após, ele já entra mais afundo no contexto de Marius, ou seja, seus parentes.
Iniciando pelo sr. Gillenormand, um idoso já em seus 90 anos, o qual tem 2 filhas, uma casta e uma já falecida, sendo que, desta última tens um neto, o pequeno Marius, um menino que, ao meio de velhos, tem uma juventude envelhecida.
O patriarca Gillenormand, muito ama o neto, apesar de não demostrar tanto, "um homem do seu tempo", o qual, para infelicidade do menino, lhe esconde quem é seu pai. Um homem com o qual brigou seriamente por motivos políticos - ele era monarquista e o pai de Marius, bonapartista - proibindo-o de encontrar com a criança, fato desconhecido pelo menino.
O pai de Marius era o Coronel Pontmercy e, em 1827, quando Marius estava com 17 anos, vira seu pai pela primeira vez, postumamente. O pai doente, escrevera uma carta implorando a visita do filho, quando o menino, desgostoso de encontrar o pai que ele achara que não se importara com ele, chega, o homem já está morto. Ele morreu suplicando pelo filho.
Deixou-lhe apenas uma carta, de início, Marius não muito se importou com ela, nem se comoveu com a morte do pai, era um homem desconhecido para ele como qualquer outro. Na carta, entre outras coisas, o Coronel dizia para Marius que, caso encontrasse um homem chamado Thenárdier era pra lhe fazer o maior bem que pudesse, pois este o havia salvo na Guerra de Waterloo. Sim, este é o mesmo Thenárdier que tanto judiou da menina Cosette.
Um dia, na igreja, Marius descobre, por acaso, que o pai sempre o havia querido, mas havia sido impedido por sua família. Ele fica tão chocado com tal informação que começa a "estudar" o pai, se devota sobre ele e sobre suas histórias. Escondido da família conservadora, torna-se bonapartista e passa a odiar o avô. O segredo não dura muito tempo e, após uma briga, Marius é expulso de casa seguindo sem nada, sem rumo, sozinho, para a rua.
Após algum tempo perdido pelas ruas de Paris, com o dinheiro já no fim, Marius conhece um grupo de jovens politizados, entre eles Courfeyrac, que o ajuda desde o começo a conseguir uma estadia e um trabalho. O contato com os meninos anti-bonapartistas, também anti-monarquistas, choca Marius um pouco, deixando-o confuso acerca de seus ideais.
Contudo, o jovem tinha problemas maiores com que se preocupar, a falta de dinheiro aumenta, ele chega até a vender as próprias roupas para pagar pela hotelaria em que vive. Permanece assim pois recusa dinheiro que sua tia, insiste em lhe enviar, orgulhoso. Ou seja, torna-se um miserável pois seu orgulho é maior que sua fome.
Depois de um tempo vivendo nas ruas como um miserável, sem dinheiro nem para comer, apenas trabalhando, ele consegue se estabilizar um pouco na vida. Vive sem luxo, economiza ao máximo e ganha o suficiente apenas para sobreviver. Chegando ao ponto de, por preguiça, apenas trabalhar para ganhar o mínimo, ou seja, perde as ambições de vida. Para mim, não há alma mais miserável que aquela que desistiu de si.
Em um dia como outro qualquer, em que Marius passeava pelas ruas parisienses, ele encontra um pai com sua filha, apesar de ele os apelidar de outra forma, pois não lhes sabes os nomes, sabemos que se trata de Jean Valjean e Cosette. Já mais envelhecidos, JV já é um senhor de idade e Cosette uma jovem moça. De início não muito lhes interessa mas, após Cosette "desabrochar", tornar-se uma moça de 15 anos, ele se apaixona perdidamente por ela.
Os cabelos castanhos com veios dourados e os olhos azuis-celeste encantam o coração daquele que era fleumático quando se tratava de amor. Ele passa a ir ao parque todos os dias para vê-los, os segue até em casa e percebe-se que Cosette começa, timidamente, a corresponder a esta paixão.
Entretanto, Jean Valjean não gosta nada disso, pois, ao que acredito eu, imaginava que Marius era um policial que iria os prender. Com medo, muda de casa e para de ir ao parque. O que deixa o jovem, sem nada entender, desolado.
Terminamos a parte 4 quando Marius, com a ajuda de uma menina pobre a quem ele faz caridade, reencontra o "sr. Leblanc" e a sua amada "Úrsula". Deixando-o cheio de esperança.
Como já disse, foi uma parte muito arrastada para mim, talvez, a mais até agora. Mas, quando engrena na história de Marius se torna muito interessante, você se prende ao livro. Um trecho muito bonito desta parte, é o seguinte, no qual Victor Hugo transcorre acerca do sonhar:
"O pensamento supõe a vontade; o sonho não. O sonho, que é completamente espontâneo, conserva, mesmo quando irrealizável, o perfil de nossa espiritualidade; nada sai mais diretamente e mais sinceramente do fundo de nossa alma que as nossas aspirações irrefletidas e sem limites para os esplendores do destino. Nessas aspirações, muito mais que nas ideias coordenadas, refletidas, sensatas, pode encontrar-se o caráter de cada homem. Nossas quimeras são as que mais se assemelham a nós. Cada um sonha com o desconhecido e o impossível segundo a própria natureza."
Volto aqui nas próximas 200 páginas, leitores... Na "Semana 5", estão os seguintes capítulos:
Semana 05
TERCEIRA PARTE: Marius.
LIVRO VIII: O mau pobre.
CAP. XIII: Solus cum solo, in loco remoto, non cogitabuntur orare Pater Noster. (pg. 810)
↓
QUARTA PARTE: O idílio da rua Plumet e a epopeia da rua Saint-Denis.
LIVRO VI: O pequeno gavroche.
CAP. II: Em que o pequeno Gavroche tira partido de Napoleão, o Grande. (pg. 1005)

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