#LeiaNaToca: Leitura Conjunta "Os Miseráveis" - Semana 1
- Raposa
- 15 de jan. de 2019
- 5 min de leitura
Olá, queridos, sei que estou bem atrasada com os posts, eu fui viajar e não consegui ler ou escrever sobre o projeto #LeiaNaToca. Mas prometo voltar a fica em dia rapidamente.

Esse é o primeiro post-resenha do projeto de leitura conjunta de "Os Miseráveis" de Victor Hugo. Caso você esteja meio perdido, olhe nos "Posts relacionados", lá deixarei o post-convite para este projeto tão especial. A meta é de 200 páginas para cada semana e, nesta primeira, deveríamos ler da:
Introdução (pg. 19)
↓ até
PRIMEIRA PARTE: Fantine
LIVRO IV: Confiar é, às vezes, entregar
CAP. III: A Cotovia (pg. 200)
Sem mais delongas, ao texto.
Comecei a ler meio receosa de que a leitura fosse um pouco arrastada devido ao tamanho do livro, mas me surpreendi! A leitura é leve e não te faz querer largar por nada, de forma que você lê 40 páginas num piscar de olhos. A descrição dos personagens é feita de forma precisa, você se apega a eles muito fácil. E o primeiro personagem a nos ser apresentado por Victor Hugo é o Bispo Myriel, também chamado de Monsenhor Bienvenu.
Sua história começa a ser contada na cidade de Digne, em 1815, quando ele já está com seus 75 anos. Um bispo que levantava altos boatos, ele tinha uma esposa antes da Revolução mas, não se sabe por quê motivo, resolvera largar a boa vida que tinha para o bispado. E se tornara um dos melhores.
Era benevolente, bondoso, caridoso com os pobres, severo com os ricos. Vivia com sua irmã Baptistine e a empregada Magloire numa pequena casa, sem luxo algum. Mensalmente, doava grande parte de seu salário aos menos afortunados, exigindo ainda dinheiro dos ricos, um homem justo. A porta de sua casa era sempre mantida, literalmente, aberta para aqueles que precisassem.
Nessa parte da história já gostei muito do bispo, ele é uma figura facilmente amável. Sempre muito generoso, faz até com que nos sentimos culpados de nossos "pecados"; além disso traz ótimos ensinamentos, muito afrente do seu tempo em diversas questões. Um dos pontos altos dessa parte é quando Monsenhor Bienvenu vai conversar com o Convencional G, um cara que todos da cidade odeiam e que está à beira da morte. Ele se surpreende com o pensamento de G acerca da monarquia num diálogo surpreendente, eu até procurei alguma referência a este G no Google mas não achei nada de interessante.
No Livro II somos apresentados a outro personagem. Um novo visitante chega à Digne, com aspecto miserável. Não sabemos o motivo porque todos recusam a recebê-lo, nos bares, na hostelaria; apenas descobrimos que seu nome é Jean Valjean. O homem é humilhado por adultos e crianças, e quando estava indo dormir na praça da cidade uma mulher o encontra e o indica a casa do bispo.
Pouco esperançoso Jean Valjean vai lá e de cara já se apresenta, um ex-presidiário. O bispo o surpreende aceitando, sem questionar, sua presença. E é quando sabemos um pouco mais de sua história.
Jean Valjean, de origem muito pobre, perdeu os pais muito cedo tendo que amadurecer rápido para cuidar da irmã e de seus 7 sobrinhos. Um dia, estava sem trabalhar, não haviam ofertas para seu emprego e não aguentando mais ver os sobrinhos morrendo de fome ele decide roubar um pão. Foi pego no ato, sem chance de se redimir. Condenado a 5 anos de prisão que se tornaram 19 após sucessivas tentativas de fuga. Considerado como perigoso e tratado como um animal na cadeia ele chegou até a esquecer seu nome, esquecer sua irmã e sobrinhos, chegou até a se julgar culpado, depois julgou a sociedade como culpada.
De volta à casa do bispo, Jean Valjean, ainda com o sentimento de vingança após a prisão, pensa em roubar os talheres do bispo para vender. Pensa um pouco e rouba, foge mas no caminho se vê entre o ladrão e o cidadão, se sente mal por enganar o único que lhe ajudou e se redime, escolhe a luz.
É triste ler a história de Jean Valjean e ver que após tantos anos ela torna a se repetir em pessoas comuns. Quantos casos de injustiça parecidos como este vemos todos os dias. Seguindo tudo a risca, roubar é errado, mas a negligência do Estado também deveria ser. Quem, na situação que ele estava, não faria o mesmo? É certo um homem ficar 19 anos preso por roubar um pão para dar de comer à sua família?
Infelizmente, as vezes o que é correto não caminha com o que é justo.
No Livro III todo o cenário muda. Estamos agora em 1817 e conhecemos a história de uma costureira, Fantine, ela e as quatro outras amigas costureiras se vêm apaixonadas por quatro jovens ricos estudantes. Um romance que para todos era apenas um passatempo, menos para Fantine. Ela havia se apaixonado perdidamente por Félix Tholomyés, seu primeiro namorado.
A menina antes pobre e sem família, não percebera que a desigualdade entre os dois não deixaria o namoro ir muito longe, ficam juntos por 2 anos e, após uma tarde de passeios entre os 8 enamorados, os 4 rapazes terminam com as 4 garotas por meio de uma carta, sem deixar mais explicações. Todas as amigas de Fantine estavam tranquilas com a situação, não se importaram muito, mas com ela era diferente, não havia como ela não se importar pois ela era a única que carregava uma criança, fruto daquele amor tolo.
O tempo passa, a linda criança cresce, mas por mais que Fantine escrevesse cartas, Tholomyés nunca se importara com sua filha, a linda Cosette (de nome original Euphrasie, achei isso bem doido e vocês? kkkkk). A história da triste Fantine conseguira ficar ainda mais triste, mãe solteira, perdera o trabalho e a esperança.
Até o dia em que, andando na rua, ela conhece a senhora Thémardier que estava a brincar com filhas e, após Cosette se juntar as duas meninas, Fantine oferece a Thémardier que cuide de sua filha. Combinando de pagar sete francos por mês e prometendo buscar a pequena quando tivesse melhores condições financeiras.
Admito que quando li isso achei a maior loucura, como que Fantine pôde simplesmente dar sua filha assim. Entendo que ela estava desesperada e ela sabia que se chegasse com uma criança para procurar emprego, ninguém a aceitaria. Mas, ainda assim achei isso tudo a maior loucura. Ela estava em real desespero.
E o que Thémardier faz com Cosette é a maior desumanidade que já li, fiquei extremamente horrorizada em várias partes. Ela vendeu todas as roupas da menina e, com o dinheiro, ela e o marido quitaram todas as dívidas. Começou a vestir a menina com um trapo e lhe dava os restos para comer, tratando-a como um animal.
Fantine escrevia todos os meses mas não sabia que a filha crescia magra e fraca. E, após algum tempo, a esperta Thémardier aumentou a despesa de Cosette para 15 francos por mês, dinheiro que Fantine não tinha como sustentar.
Thémardier odiava Cosette, a espancava brutalmente e suas duas filhas, Éponine e Azelma, começaram a tratar a pequena com o mesmo desprezo. Aos 5 anos, a menina já era a criada da casa e, na aldeia onde moravam, era conhecida como Cotovia: trêmula, assustada e medrosa.
Por enquanto estou gostando bastante do livro, apesar de ter dado uma parada, é uma história que te prende a cada linha e te faz pensar como há tanta tristeza nesse mundo. Estou animada para continuar.
Caso tenha algo que queira falar, comente aqui embaixo no post, esse livro tem MUITO a ser debatido.
Vejo vocês nas próximas 200 páginas!
Caso tenha alguma dúvida em relação ao projeto #LeiaNaToca, é só olhar nos "Posts relacionados", ou clicar no link. Lá tem todos os detalhes do projeto e os combinados das semanas...
Rumo a Semana 2! O combinado é:
PRIMEIRA PARTE: Fantine
LIVRO V: A decadência
CAP. I: História de um progresso no ramo dos vidrilhos pretos (pg. 201)
↓
SEGUNDA PARTE: Cosette
LIVRO I: Waterloo
CAP. XIX: O campo de batalha à noite (pg. 402)

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