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#LeiaNaToca: Leitura Conjunta "Os Miseráveis" - Semana 3

  • Foto do escritor: Raposa
    Raposa
  • 7 de fev. de 2019
  • 5 min de leitura

Olá, queridos, volto hoje com o post da 3ª semana do projeto #LeiaNaToca de leitura conjunta do calhamaço de Victor Hugo, "Os Miseráveis"!


Caso não esteja entendendo nada do que estou falando, clique aqui ou nos "Posts relacionados" para ir direto ao post-convite desse projeto de leitura conjunta que tem sido tão enriquecedor. O combinado para a Semana 3 era:

SEGUNDA PARTE: Cosette

LIVRO II: O Navio Orion

CAP. I: O número 24.601 torna-se o número 9.430 (pg. 403)

↓ até

SEGUNDA PARTE: Cosette

LIVRO VIII: Os cemitérios recebem o que lhes dão

CAP. VII: Onde se encontra a origem da expressão: ne pas perdre la certe (pg. 606)

Sigamos então aos miseráveis,

Estamos em 1923, Jean Valjean encontra-se preso de novo em Paris, ainda condenado pelos 40 soldos que ele "roubou" de um menino há anos atrás, quando ele estava se "convertendo", lembram? Pois é, a regra do bandido bom é bandido morto valia bem forte na França, e nosso herói foi condenado a trabalhos forçados pela eternidade, nas galés de Toulon. Mas antes, bem espertamente, ele esconde toda sua fortuna.

Preciso nem dizer o quanto a justiça era (é) absurda, ao ponto de que os erros de uma pessoa nunca são apagados, nem mesmo quando esta já está ressocializada e fazendo bem a esta sociedade. Por mais que Jean Valjean/Pai Madeleine tenha enriquecido uma cidade inteira e seus cidadãos, tudo é ignorado por 1 pão e 40 soldos.

Enquanto prisioneiro, Jean Valjean trabalha num porto, e salva um marinheiro que havia ficado preso no Navio Orion, que estava caindo aos pedaços, num dia de chuva intensa. Após salvar a pessoa ele vê uma oportunidade, cai no mar de propósito e finge de morto. Notícia dada em todos os jornais como se ele fosse um pedófilo/assassino em série/corrupto.

Jean Valjean aproveita a oportunidade e vai cumprir a promessa feita à Fantine, buscar Cosette dos Thenárdier.

***Aliás, gente, errata do meu último post. O cara que salvou o oficial da guerra não era TheMárdier era o TheNárdier, monstro que cuidava da Cosette mesmo! Desculpem a confusão.

Quando Jean Valjean, passando-se por viajante vai buscar Cosette, fica horrorizado com o tratamento que a menina recebia, magra, feia, com frio e tratada como uma criada pela sra. Thenárdier. Ele, inclusive, confronta os Thenárdier sobre o tratamento que eles davam à menina, falando que ela devia brincar e, após uma confusão com as filhas Thenárdier, lhe dá uma caríssima boneca.

O esperto do sr. Thenárdier vê uma oportunidade de ganhar dinheiro, e a senhora, de se livrar do peso que era Cosette. Pedem uma quantia altíssima a Jean Valjean, sem nem saber quem ele era, 1500 francos pela menina que tão pouco lhes valia. Ele paga de prontidão e leva Cosette embora, que vai feliz com aquele homem de quem ela sente extrema confiança. Agora com a missão cumprida, Jean Valjean e Cosette constroem um relacionamento de pai e filha, ambos encontraram o que queriam naquele momento da vida, alguém para dar amor.

Achei muito bonita a construção do relacionamento dos dois, claro que não é de se duvidar que Cosette fosse embora com qualquer um para fugir do inferno em que vivia, mas eles terem essa história de amor paternal, eu achei lindo e um alívio após tanto sofrimento.

Infelizmente, nada que é bom dura para sempre. Depois de ir embora para Paris com sua "filha", Jean Valjean percebe que está sendo vigiado por ninguém mais, ninguém menos que Javert.

Sério, esse homem não tem mais nada pra fazer da vida não? Essa estranha obssessão por um homem que roubou 1 pão e 40 soldos? Entendo que, após algum tempo, Javert não estava mais procurando Jean Valjean e que havia sido aceito na polícia de Paris, ele encontrou Jean Valjean por uma pequena suspeita e muito acaso. Ainda assim, nosso J.V merecia uma paz.

Uma coisa que achei muito legal nessa parte, Victor Hugo descreve a cidade de Paris de uma forma que me fez pensar como eu descreveria minha cidade natal, ele inclusive fala explicitamente sobre isso, como que você consegue amar mesmo aqueles pequenos problemas da cidade. Coisas que só conseguimos sentir quando ficamos longe de casa, e sabemos que Victor Hugo quando escreveu estava exilado. O problema, para mim, desta parte é que eu não conheço Paris, então aquelas descrições espaciais minuciosas que levaram páginas apenas me cansaram.

Enfim, numa situação de fuga, Jean Valjean é encurralado por Javert e sua única solução é subir por um muro que ele não sabe onde vai dar, o que dá certo pois Javert o perde e ele entra num espaço onde ele jamais poderá ser pego. Jean Valjean e Cosette entram em um convento para mulheres, o tipo de lugar onde homens são proibidos. E ele dá muita sorte, é abrigado por Pai Fauchelevent, o jardineiro do convento que ele havia salvo a vida quando era Pai Madeleine.

Nesse ponto, Victor Hugo se perde em si ao falar de conventos, por volta de 40 páginas. O que eu, sinceramente, achei muito legal (bem melhor que Waterloo).

O convento era Petit Picpus, benardinas-beneditinas de Martin Vega, extremamente rigoroso, ao ponto que as moças deste nem os dentes escovavam. Além disso, tinham rigorosos cultos, orações que duravam dias e outras coisas que para nós, do século XXI chega a ser bizarro. As mulheres do convento, quando se encontravam, diziam dizeres bíblicos uma a outra, o que me lembrou MUITO "O Conto da Aia", de Margaret Atwood (livro que já resenhei no blog, caso queira ler, clique aqui).

Victor Hugo faz severas críticas aos modelos de convento, à religião em si, à igreja; mas fala coisas muito interessantes sobre o orar. Como a oração é um ato único do indivíduo com o "superior", achei a reflexão incrível, um dos pontos enriquecedores das enromes digressões que o autor tem durante história.

"Ao mesmo tempo que fora de nós há um infinito não há outro dentro de nós? Esses dois infinitos (que horroroso plural!) não se sobrepõem um ao outro? Não é o segundo, por assim dizer, subjacente ao primeiro? Não é o seu espelho, o seu reflexo, o seu eco, um abismo concêntrico a outro abismo? Este segundo infinito não é também inteligente? Não pensa? Não ama? Não tem vontade? Se os dois infinitos são inteligentes, cada um deles tem um princípio volante, há um eu no infinito de cima, do mesmo modo que o há no infinito de baixo. O eu de baixo é a alma; o eu de cima é Deus.

Pôr o infinito de baixo em contacto com o infinito de cima, por meio do pensamento, é o que se chama orar."

Enfim, a história termina com um combinado entre Jean Valjean e Pai Fauchelevent, este pediria à madre do convento para contratar seu "irmão" para ajudá-lo de jardineiro e aceitar sua "sobrinha" como aluna. Tudo resolvido, o problema é: como tirar JV do convento? Cosette seria fácil, visto que cabe numa bolsa.

A ideia surge após a morte de uma das mais antigas madres do convento. Esta queria ser enterrada no convento, o que vai contra o combinado com a prefeitura, que sempre manda um caixão e realiza o enterro. Em segredo, a freira é enterrada no convento mas o que se faria com o caixão vazio que o coveiro da prefeitura vai receber?

Perfeito para guardar Jean Valjean! O problema é que nosso JV acaba sendo enterrado vivo... e assim termina o último capítulo desta semana.

Até as próximas 200 páginas! Seguindo nosso cronograma:

Semana 04

SEGUNDA PARTE: Cosette

LIVRO VIII: Os cemitérios recebem o que lhes dão

CAP. VIII: Interrogatório bem-sucedido (pg. 607)

TERCEIRA PARTE: Marius

LIVRO VIII: O mau pobre

CAP. XII: Emprego da moeda de cinco francos do senhor Leblanc (pg. 809)


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